HISTORIA DA COMUNIDADE DO PINA

 

Fundado enquanto Paróquia e instituído enquanto um bairro da cidade do Recife, o Pina, em especial a comunidade do Bode, é muito mais antigo do que relatam os registros de nossa cidade.

 

Em tempos de Brasil colônia, o Pina era uma ilha onde ficavam os escravos doentes, antes dos navios negreiros aportarem no cais do Recife para descarregar as levas de escravos trazidos do Continente Africano. Muitos destes negros fingiam permanecer doentes por muito tempo para manterem suas liberdades em terras estranhas. E assim, o Pina cresceu, às avessas as regras e determinações do governo local.

 

O Pina, e a comunidade do Bode, sempre foi conhecido enquanto localidade de maior concentração de comunidades religiosas de matriz africana. Daqui saiu um dos ramos do candomblé nagô de nosso estado. Aqui surgiram cultos religiosos que mantinham a tradição espiritual e cultura negra da comunidade.

 

Com a ascensão do estado novo, o Governo em comunhão com a Diocese resolvem instituir em 1932 a paróquia do Pina, como forma de controle social e catequese desta população tão “contrária as Leis de Deus” (segundo livro de tombo da Paróquia). Desde o bairro de afogados até os Limites do Riacho da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes, a Paróquia e Bairro do Pina foram instituídos, “criados”, e passariam a ficar sob júdice do Monsenhor José Fernandes, um padre rígido na missão de fazer cumprir as leis cristãs católicas.

 

Com a Igreja construída na área onde tinha a mais tradicional comunidade religiosa do bairro, as demais famílias se viram repelidas a se refugiarem na beira da maré, para permanecerem com suas tradições longe dos olhos da Igreja.

Hoje com cerca de 80.000 habitantes, o Pina precisa ser reconhecido como um dos maiores quilombos urbanos da cidade pois suas comunidades de matriz africana, seus terreiros e brinquedos tradicionais, formam uma grande família, onde cada um participa e auxilia nos ritos, festas e brincadeiras dos outros, não importando religião, ou se existe inimizade.